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21 de novembro de 2016

[CRÍTICA] O Teste (Joelle Charbonneau, 2013)


Estamos em um mundo distópico, assolado pela guerra, em que as esperanças de reconstrução da civilização estão em jovens de destaque – os futuros líderes da sociedade. Esses jovens, porém, precisam ser avaliados e selecionados de forma cruel e desumana, submetidos a provações que os farão abandonar a adolescência e se tornar adultos. Dessa forma, nem todos irão chegar vivos até o final: a morte é uma terrível possibilidade. Isso soa familiar? Sim, é realmente familiar. Esta é, meus amados, mais uma desnecessária e esquecível história adolescente contemporânea: O Teste (Joelle Charbonneau, 2014).

Melancia Vale (Cia) é uma garota que acaba de se formar em seus estudos regulares na Colônia de Cinco Lagos, em uma Terra distópica destruída pela guerra. Agora, ela pode realizar seu sonho de entrar para a Universidade. Para isso, porém, ela precisará enfrentar os terríveis perigos que a esperam no misterioso processo de seleção conhecido como O Teste.

Tenho uma substancial quantidade de problemas em relação a esse livro, então vamos abordá-los um de cada vez. Em primeiro lugar, a narrativa é pobre. Extremamente pobre. Narrado em primeira pessoa (já falei sobre esse problema aqui), o livro mais parece um diário do que qualquer outra coisa. Sequências inteiras são descritas de forma superficial; diálogos, que de outra forma poderiam ser proveitosos, são facilmente resolvidos com um “resumo” por parte da personagem principal; e o texto é construído com frases curtas e vazias de sentimento, o que compromete (e muito) o andamento da história.

Em segundo lugar, a construção de mundo não é muito crível, além de ser terrivelmente familiar. Não há originalidade aqui. Um mundo distópico, destruído pela guerra, onde adolescentes são submetidos a provas pesadas e que colocam em risco suas vidas, em procedimentos moralmente questionáveis... isso não nos lembra nada? Jogos Vorazes, Divergente... distopias adolescentes já estão sendo exploradas à exaustão, e esta é apenas mais uma – pouco original – delas. Além disso, o que é a tal guerra que aconteceu? O que são os Sete Estágios? O que é a Comunidade Unida?

 

Em seguida, temos os personagens. A principal, Cia, é uma adolescente inverossímil. Ela, mesmo sendo muito nova, sabe resolver todos os problemas, é extremamente perspicaz e praticamente nunca cai em armadilha alguma. Tomas, seu par romântico, é clichê à exaustão. Aliás, o desenvolvimento do romance entre os dois é fraco e extremamente batido – novamente, nada de novo aqui. Quanto aos outros – Malachi, Will, Ryme – eles são fracamente desenvolvidos e não causam empatia. As mortes que acontecem no decorrer da trama não nos fazem sofrer, uma vez que não tivemos tempo – nem texto – suficiente para nos importarmos com os personagens que morrem.

O Teste é uma obra que possui sim algum valor de entretenimento. O livro possui momentos de aventura e que até empolgam. Todavia, o desenvolvimento possui graves problemas de ritmo, a escassez de diálogos deixa a trama fria e os personagens são mal desenvolvidos – sem se falar no final extremamente anticlimático. Junte-se a isso o fato de que o enredo é claramente copiado de outras distopias adolescentes contemporâneas, e nós temos uma história fraca, irrelevante, esquecível e que é apenas um gancho para a venda de outros dois volumes de uma desnecessária trilogia.


Nota: ✩✩

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