A velha
máxima diz que não se deve julgar um livro pela capa. Entusiastas da literatura
(como eu) sabem como é difícil seguir esse ditado. Por diversas vezes me
interessei por um livro apenas por sua capa... peculiar (não resisti ao
trocadilho!). No caso de O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças
Peculiares (Ransom Riggs, 2011), não foi diferente.
Assumo,
claro, que o pomposo título também me chamou a atenção. A primeira impressão
que o livro traz (a impressão puramente visual) é de que se trata de uma
obra de terror, ou algo parecido – afinal, a capa traz uma foto antiga de uma
garota flutuando, além de outras fotos que se espalham pelo interior do livro.
Sim, eu sabia que se tratava de um YA (livro para “jovens-adultos”). Mas, por
que não? – um YA de terror.
A capa,
porém (fazendo jus à advertência do conhecido dito popular), passa longe
daquilo que o livro realmente é. Não se trata de um terror, e sim, de uma
aventura adolescente (a La Harry Potter), com pitadas de romance. Aliás,
uma aventura romântica com substanciais problemas.
Jacob é um rapaz que tem uma vida sem muitas
novidades, exceto pelas histórias que seu avô Abraham lhe conta. Após um
trágico acontecimento, ele decide buscar a verdade por trás das histórias no
exato local onde seu avô passou a infância: O orfanato da Srta. Peregrine. A busca,
porém, acaba revelando muito mais do que Jacob esperava encontrar.
Pois bem.
Quais seriam os problemas do livro?
Em
primeiro lugar, a narrativa em primeira pessoa, que soa pouco natural e é
extremamente expositiva (o que entra em conflito com a “aura” de mistério que a
capa pressupõe). Em segundo lugar, ideias pouco originais que parecem ter sido
tiradas de outras obras já bastante conhecidas do público em geral (um leitor mais
atento poderá ver semelhanças com Harry Potter e a Pedra Filosofal, o
universo de X-Men e até o filme O Feitiço do Tempo).
O
terceiro problema são alguns pontos pouco desenvolvidos durante a história: o
caderno com anotações dos eventos de um dia específico; o cadáver de um garoto
que é mantido no tal orfanato; etc. Para completar, muitos mistérios são
facilmente decifráveis, além da já citada exposição excessiva (sério, é mesmo
necessário descrever as fotos que nós já iremos ver na página seguinte?).
Tudo isso
significa que eu detestei o livro? Definitivamente não. Até a página 200, o
livro é mediano. A partir daí, o livro começa de fato a empolgar e o
leitor passa a “devorar” a história. É certo, porém, que, para um livro de
pouco mais de 300 páginas, a história decola muito tardiamente.
O
Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares é um livro pouco original, que possui
dificuldades narrativas, situações mal resolvidas e uma história que peca em
matéria de coesão, mas é uma aventura que “engata” a partir do terço final e
que pode render boas surpresas, além de nos brindar com fotos que enriquecem a
obra. É uma pena, contudo, perceber que é um livro escrito exclusivamente para
ser gancho para os próximos livros da série.
Nota: ✩✩✩
Concordo exatamente com tudo que foi exposto por você. Esperava um pouco mais do livro.
ResponderExcluirPretendo ler as sequências. Quem sabe elas não me causem uma impressão melhor...
ExcluirNão concordo tanto com você. O fato de descrever as imagens e depois mostrar é interessante, pois você imagina e logo após vê o que imaginou. São crianças peculiares, logo histórias peculiares, é fantasia mista com realidade, ele se faz necessário a leitura dos próximos, mas pra mim um excelente livro que deve se revelar nos demais! PS: não achei cliché e baseado em outras histórias como você falou, mas sim imprevisível e fascinante!
ResponderExcluirBela resenha, Gabriel. =D
ResponderExcluirComo te respondi em meu blog, espero que a continuação do livro te conquiste, já que o primeiro não foi tão bom assim pra vc. =)
Abraço.
www.blogdopedrogabriel.com
Obrigado! Também espero isso. :P
ExcluirConcordo em partes com você. O livro me prendeu desde o início, mas confesso que foi culpa de uma resenha no Skoob. Comecei o livro por causa do trailer do Tim Burton e a resenha dizia "Esqueça o trailer". Funcionou bem para mim. Agora sobre o final, achei muito fraco, mal elaborado. Entendi que tem continuação, mas será que tinha toda essa necessidade?! Acredito que não. Esperava bem mais do final, vamos para o próximo livro. Você já tem resenha sobre?
ResponderExcluirObrigado pelo comentário! Ainda não li, e pra dizer a verdade, não está em minhas prioridades literárias. :p
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